O que é Yoga?



A compreensão do que é Yoga ainda é difícil de alcançar por muitos de nós, mesmos por aqueles que estudam e praticam. É bem comum que a primeira coisa que venha à mente seja o aspecto físico do Yoga, as posturas (ásanas). Também é relativamente fácil descrever Yoga como uma série de práticas respiratórias ou meditativas. Yoga é tudo isso. Mas não é apenas isso.

Modificar essas ideias não é tão simples. A pessoa precisa estar disposta a ouvir e refletir a partir de fontes confiáveis (textos, livros, professores) para aprofundar sua compreensão do que seja Yoga. Além disso, também é importante extrair essa compreensão de suas próprias experiências.  
Durante as práticas desta semana na Sala de Yoga procuramos abordar esse tema. Discutimos um pouco sobre os diversos conceitos de Yoga apresentados nos textos e livros. Entre eles, um dos mais referidos conceitos de Yoga, que está nos Sutras de Patanjali I. 2:
Yoga citta vrtti nirodhah – Yoga é a habilidade de voltar a mente exclusivamente em direção a um objeto e sustentar essa direção sem quaisquer distrações[1].

Por essa definição é possível compreender que Yoga é um estado particular da mente no qual as atividades (pensamentos, memórias, percepções, sentimentos, sensações...) não a afastam do foco que está sendo contemplado. Portanto, trata-se de desenvolver uma habilidade para que a mente não caia na tentação de se “grudar” a suas inúmeras atividades.
Muitos de nós podemos achar que não somos capazes de conseguir a habilidade de manter a mente focada e então desistimos antes mesmo de tentar. Alguns de nós nos restringimos aos elementos mais conhecidos do Yoga: ásanas e pranayamas, pensando que isso já está de bom tamanho. Pode ser que sim. No entanto, ainda que estejamos restritos às práticas de ásanas e pranayamas, sentimos um algo inexplicável que resulta dessas práticas.


Quando essas práticas são feitas sob a condução de um bom professor e com consciência e constância, não é incomum que passemos a dormir melhor, fiquemos mais calmos, tenhamos mais saúde e que, além disso, tenhamos uma sensação de que nossa capacidade de compreender o mundo e agir nele também se modifique. É possível que com as práticas tenhamos alcançado um pouco da habilidade mental de focar a mente? E que desse foco tenha surgido uma clareza que não estava presente antes?

Tem algo de intangível que surge de práticas bem feitas de Yoga. Algo que vai além do ásana, além do pranayama. Algo que nos conecta com aspectos internos antes encobertos pelo agito, pela ansiedade. Assim que começamos a respirar e a movimentar o corpo de uma forma específica estamos “chamando” nossa mente para aquele momento, estamos dando um foco para uma mente antes dispersa e convidando-a a participar da prática. Quando a mente vem junto para a prática algo maravilhoso ocorre: uma percepção de integralidade, inteireza. Sentimos-nos mais do que um corpo, mais do que um nariz que respira.

Ainda que não nos aprofundemos nos estudos, algo que estava adormecido começa a despertar. Esse é o início do caminho do Yoga, que vai além do ásana, além dos exercícios respiratórios.
Ao trilharmos esse caminho vamos em direção de alcançarmos maior discernimento, mais clareza. Vamos desenvolvendo um senso de equanimidade em relação ao mundo. As coisas externas começam a ter um impacto menor no nosso humor. Nosso comportamento vai se tornando mais coerente, com valores profundos e verdadeiros.

A reflexão sobre o significado de Yoga, por si só, nos faz mergulhar em profundas investigações internas.



[1] Livro Coração do Yoga. 


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